sábado, 1 de marzo de 2008

Tudo indica que Zapatero será o vencedor nas eleições na Espanha / Francisco Poveda

A qualidade das relações da União Européia e a América Latina em plena segunda grande emancipação estará em jogo no próximo dia 9 de março com as eleições gerais na Espanha. Também, e não menos importante, está em jogo o prolongamento da atual "lua-de-mel" ibérica com Portugal, especialmente intensa desde a chegada ao poder do socialista José Sócrates, por sua maior sintonia geracional e ideológica com Zapatero em um momento de forte dependência econômica lusa de seu grande vizinho peninsular.

Há apenas 15 meses, o atual presidente do governo espanhol foi ungido pelas urnas por seus feitos, otimismo contagioso, ideais, princípios e método de contrastar sempre opiniões diversas. Mas hoje as pesquisas mostram um empate técnico, com uma ligeira vantagem a favor de quem o prestigiado jornal britânico "The Times" considerava então o líder social-democrata e político mais valorizado da União Européia por causa da confiança e convicção que transmite.

Os primeiros efeitos nefastos sentidos pela crise do esgotado, por ser muito desequilibrado, modelo econômico herdado de Aznar e o ruidoso fracasso das negociações de seu governo com o bando terrorista basco ETA, assim como se sucedeu com outros governos democráticos anteriores, consumiram em muito pouco tempo grande parte do capital político acumulado por Zapatero com a aprovação de 150 leis sociais para a modernização da Espanha desde sua inesperada chegada ao Palácio de La Moncloa, em abril de 2004, após o erro de Aznar de entrar na guerra no Iraque.

A guinada rumo a uma extrema direita sectária do hoje grande partido de oposição, o Partido Popular, longe de facilitar as coisas para Zapatero, produziu na última Legislatura, ao não assimilar ou assumir sua derrota eleitoral de 2004, uma forçada e crescente polarização na sociedade espanhola. Por meio do recurso nada ético de assustar, exagerar e anunciar o cataclismo, ela faz lembra um dos piores tempos da história contemporânea da Espanha pelas conspirações e usurpadas bandeiras nacionais que agitam nos últimos 36 anos após o fim da ditadura militar. Até a Igreja Católica se juntou como aliada, com grande veemência e ativismo político, à resistência às mudanças sociais implantadas por Zapatero pelo seu temor de que elas tragam uma inevitável "secularização" da vida civil espanhola, com a conseqüente perda de sua influência sobre os fiéis em pleno (e teórico) choque de civilizações de crenças monoteístas.

A previsível ascensão política de Berlusconi na Itália e, agora, as maiores chances de Rajoy na Espanha soaram os alarmes em Bruxelas. O coração da União Européia, onde a duradoura aliança tácita de moderados, liberais e sociais-cristãos procura estabilidade, segurança e riqueza, volta-se agora para Madri e Roma com certa inquietude diante do avanço de forças "eurocéticas" ao longo da costa mediterrânea, que se valem de uma retórica catastrofista diante de previsíveis tensões sociais trazidas pelo aumento do desemprego depois de uma década de grande bonança econômica.

A possibilidades eleitorais de um iracundo e distante Rajoy frente a um Zapatero tranqüilo, próximo e satisfeito se vêm prejudicadas pela própria dinâmica de sua estratégia: certa demagogia temperada com meias verdades dentro de um jogo de deslealdade institucional calculada para desgastar seu adversário ainda que a custa de tensionar complexos processos territoriais, dar opções desnecessárias ao terrorismo e molestar os imigrantes, vistos como responsáveis pela criminalidade em ascensão, fazem-no perder toda a credibilidade, aborrecer e descrever uma Espanha em preto e branco muito longe do colorido otimista que almejam até os espanhóis mais imprevisíveis.

Mas a Espanha não se deixa voltar para o passado. Mais de 1 milhão de novos jovens eleitores permitem prever que finalmente Zapatero ("só se pode ganhar se se está da vitória") poderá impor-se por suas atrativas propostas para o futuro do país. Uma pesquisa feita após o primeiro debate na TV com o atual líder oposicionista Rajoy, escolhido a dedo por Aznar como seu herdeiro político, apontou uma maior preferência pela esquerda entre os eleitores de 18 a 55 anos e nas regiões com menor sentimento "espanholista", com exceção da Andaluzia, apesar delas serem onde a grande corrupção estrutural impregnou com desonra a classe política governante.

Com uma crise internacional de previsível grande repercussão por sua profundidade e duração, os poderes de fato que representam na Espanha o capital financeiro e a Coroa veriam com muito mais tranqüilidade uma vitória social-democrata por seus planos por mais direitos civis e de manter dentro dos limites do sistema as ânsias das minorias nacionalistas democráticas da Catalunha, Galícia e País Basco. Mas é a complicada situação social que se aproxima que vai requerer uma atitude política determinada para fazer frente e gestionar processos econômicos que sirvam de paliativos para as conseqüências desta crise sobre a grande maioria da população espanhola, alçada a um artificial nível de vida por créditos de longo prazo e que agora dificilmente poderá manter em razão da perda de empregos. Neste caso, o programa do PSOE encerra um projeto "ad hoc" frente à postura do PP, que não tem planos claros e convincentes para o crescente contingente de pessoas atingidas pela perda de postos de trabalho e patrimônio, que já são efeitos retardados a ausência de um mínimo sentido social nas políticas desenvolvidas por Aznar nos campos de urbanismo e habitação durante seus oito anos de governo (1996 a 2004).

A catarse parece inevitável, apesar da subsistência das lendárias "duas Espanhas". Enquanto os aposentados, especuladores, integristas católicos, altos funcionários, pessoas mais temerosas, inseguras, menos competitivas, os emigrantes na América e os privilegiados desde o Franquismo se identificam mais com a retórica do PP, a esperança que Zapatero vende atrai os jovens em busca do futuro, os empregados qualificados, pequenos empresários, profissionais liberais e quase todos os emigrantes espanhóis na Europa, docentes e estudantes.

Com uma fatia de 20% ainda de eleitores de indecisos, se antes do 9 de março não ocorrer nenhum "choque de trens" que possa subverter a atual tendência, tudo parece indicar que o PSOE revalidará sua atual maioria, inserido na mais pura tradição social-democrata européia. Como no caso de Obama nos EUA, os inovadores, os cientistas e os artistas declararam seu apoio a Zapatero, que deverá permanecer no poder.

(Publicado en "O Globo", de Brasil)

http://oglobo.globo.com/opiniao

3 comentarios:

Newsletter del Siglo XXI dijo...

TODO INDICA QUE ZAPATERO SERÁ EL VENCEDOR EN LAS ELECCIONES EN ESPAÑA

La calidad de las relaciones de la Unión Europea y una Iberoamérica en plena segunda gran emancipación se juega el próximo 9 de marzo con las elecciones generales en España. También, y no menos importante, la prolongación de la actual “luna de miel” ibérica con Portugal, especialmente intensa desde la llegada al poder del socialista José Sócrates, por su mayor sintonía generacional e ideológica con Zapatero en un momento de fuerte dependencia económica lusa del gran vecino peninsular.

Hace tan sólo quince meses, el actual presidente del Gobierno español hubiese arrasado en las urnas por sus logros cosechados, optimismo contagioso, ideales, principios y su método de contrastar siempre opiniones diversas. Pero hoy todas las encuestas arrojan un empate técnico, con sólo una ligera ventaja a mayor participación electoral para quien el prestigioso rotativo británico “The Times” consideraba entonces el líder socialdemócrata y el político mejor valorado por los ciudadanos de la Unión Europea por la confianza y convicción que transmite.

Los primeros malos efectos sentidos por la crisis del agotado, por muy desequilibrado, condicionado modelo económico heredado de Aznar y el “ruidoso” fracaso de las negociaciones de su gobierno con la banda terrorista vasca ETA, al igual que les sucedió a todos los ejecutivos democráticos anteriores, han consumido en muy poco tiempo gran parte del capital político acumulado por Zapatero con la promulgación de 150 leyes sociales para la modernización de España, desde su inesperada llegada al palacio de La Moncloa en abril de 2004 tras el error de Aznar de forzar también la entrada en la guerra de Iraq.

La deriva hacia una percibida como extrema derecha sectaria del hoy gran partido de la Oposición, el Partido Popular, cofundado por Aznar hace quince años, lejos de facilitar las cosas a Zapatero, ha producido durante la extinta legislatura, al no asimilar ni asumir su derrota electoral de 2004, una forzada polarización creciente de la sociedad española, a través del recurso nada ético de asustar, exagerar y anunciar el cataclismo, que hace recordar los peores tiempos de su historia contemporánea por las insidias y las usurpadas banderas nacionales que agitan estos últimos deudos de 36 años de dictadura militar.

Hasta la Iglesia Católica más vaticanista se ha sumado como aliada, con gran vehemencia y activismo político, a las resistencias al cambio social animado de Zapatero por su exclusivo temor a que comporte una inevitable “secularización” de la vida civil española y la pérdida de su influencia sobre los fieles en pleno teórico choque de civilizaciones de creencia monoteísta.

El previsible nuevo ascenso electoral de Berlusconi en Italia y las ahora mayores posibilidades de Rajoy en España, han encendido algunas alarmas en Bruselas. En el corazón de la Unión Europea, donde la duradera alianza tácita de moderados, liberales y socialcristianos procura estabilidad, seguridad y riqueza, se mira ahora a Madrid y Roma con cierta inquietud por el avance de fuerzas euroescépticas en la franja mediterránea, utilizando una retórica catastrofista, en vísperas de previsibles tensiones sociales por una fuerte tendencia al desempleo tras una década de gran bonanza económica.

Las posibilidades electorales de un Rajoy iracundo y distante al percibirse potencial perdedor por su ausencia de sensibilidad social, frente a un Zapatero tranquilo, próximo, satisfecho, nada inquietante y en política desde hace veinte años, se ven mermadas por la propia dinámica de su estrategia. Cierta demagogia destilada y medias verdades, dentro de un juego de deslealtad institucional calculada para desgaste del adversario aún a costa de tensionar complejos procesos territoriales, dar opciones innecesarias al terrorismo y molestar gratuitamente a los inmigrantes iberoamericanos con un claro tufo xenófobo por asociarlos a delincuencia en ascenso, le hacen perder toda credibilidad, aburrir y describir una España en blanco y negro, muy alejada del colorido optimista con el que la desean hasta los españoles más imprevisibles.

Pero España no desea mirar hacia atrás. Más de un millón de nuevos jóvenes votantes hacen presagiar que, finalmente, Zapatero (“sólo se puede ganar si se está seguro de la victoria”) puede imponerse por sus atractivas propuestas de futuro. Una encuesta tras el primer debate en televisión con el actual líder opositor Rajoy, arrojó una mayor preferencia por la izquierda entre los votantes de 18 a 55 años y en las regiones con menor sentido “españolista”, si se exceptúa Andalucía, pese a que es en las otras donde la gran corrupción estructural ha impregnado de deshonor a la clase política gobernante.

Con una crisis internacional de previsible gran repercusión por su profundidad y duración, los poderes fácticos que representan en España el capital financiero, uno de los principales afectados, y la Corona, verían con mucha más tranquilidad una victoria socialdemócrata por su planteamiento progresista a favor de más derechos civiles y capacidad para templar luego, y mantener dentro de los límites del sistema, las ansias de las minorías nacionalistas demócratas de Cataluña, Galicia y el País Vasco.

Pero es que la complicada situación social que se aventa requiere de determinada actitud política para hacer frente y gestionar procesos económicos que palien las consecuencias de una coyuntura adversa para la gran mayoría de la población española, muy acostumbrada a un alcanzado nivel artificial de vida, por financiado a largo plazo, y que ahora difícilmente podrá mantener si se produce el esperado avance en la pérdida de puestos de trabajo. En ese caso, el programa del PSOE (Partido Socialista Obrero Español) encierra un proyecto “ad hoc” frente a la postura del PP, sin planteamientos claros y convincentes para el contingente acrecentado de los más débiles tras las enormes pérdidas de empleo y patrimonio, que ya se vislumbran como efectos retardados por la ausencia del más mínimo sentido social en las políticas desarrolladas por Aznar en urbanismo y vivienda durante ocho años entre 1996-2004.

La catarsis parece inevitable pese a la subsistencia de las legendarias dos España. Mientras los jubilados, especuladores, integristas católicos, altos funcionarios, gentes más temerosas, inseguras, menos competitivas, la mayoría de emigrantes españoles en América y privilegiados desde el franquismo se identifican más con la regresión del PP, la esperanza que vende Zapatero prende en jóvenes en busca de su futuro, empleados cualificados, pequeños empresarios, profesionales libres, casi todos los emigrantes españoles en Europa, docentes y estudiantes.

Con una franja todavía del 20% de indecisos, si antes del 9 de marzo no ocurre algún “choque de trenes” que pueda subvertir la actual débil tendencia, todo parece indicar, pues, que el PSOE revalidará su actual mayoría relativa inserto en la más pura tradición de la socialdemocracia europea. Como en el caso de Obama, en Estados Unidos, la innovación, la ciencia, la cultura, el arte y la literatura ya se han pronunciado en apoyo a Zapatero.

Anónimo dijo...

Enhorabuena por su artículo en O Globo.
Efectivamente ZP va a ser con gran probabilidad reelegido y deberá realizar el cambio de modelo económico que precisa España, ante el agotamiento del actualde lumpenturismo, construcción y consumo interno.
la cuestión´es si alguien que afirma que estamos en la champions de la economía mundial, que ya hemos pasado a Italia y que tenemos a tiro a Francia, es consciente de la realidad.
Necesitamos un presidente capaz de negociar las reformas +estructurales, con solvencia política

Anónimo dijo...

Ya podías escribir algo así sobre Fernández Bermejo y las elecciones en Murcia. Echo de menos tu implicación profesional de otros tiempos sobre lo que sucede en tu tierra, de la que empiezas otra vez a estar muy alejado.